A nossa língua portuguesa culta às vezes é desafiadora, não? Um caso comum de dúvida e equívocos é quanto ao uso da palavra “onde”. Ela é pronome relativo (de lugar) ou advérbio (de lugar). Até quem já não se apega a essa nomenclatura de pronome relativo, advérbio, conjunção, pode criar uma “fórmula mental” para usar “onde” corretamente. É assim: pensou onde, pensou lugar. Então os seguintes exemplos estão incorretos:
Retomando a reunião do último dia 15, onde esses assuntos foram discutidos…
Fui atendido por Fulando de Tal, onde me informou que…
“O padrão de mulher mais velha do que o homem é mais encontrado entre as uniões consensuais, onde representa 25% do total. Nos casamentos civis e religiosos, essa porcentagem cai para 16%.”*
Corrigindo:
Retomando a reunião do último dia 15, na qual esses assuntos foram discutidos…
Fui atendido por Fulando de Tal, que me informou que…
“O padrão de mulher mais velha do que o homem é mais encontrado entre as uniões consensuais, nas quais representa 25% do total. Nos casamentos civis e religiosos, essa porcentagem cai para 16%.”
Agora, para nos aprofundarmos no assunto, passemos a palavra à consultora linguística Thaís Nicoleti de Camargo, colunista do caderno “Fovest” da Folha:
Entendido que “onde” sempre retoma uma idéia de lugar, o estudante escreve em sua redação: “A faculdade onde freqüentava ficava em Guarulhos”. E agora? Apesar de “a faculdade” ser um lugar, o emprego do “onde” está incorreto. Isso porque o substantivo “faculdade” é, semanticamente, denotador de lugar, mas o pronome que o retoma na segunda oração do período (“onde”) não exerce a função sintática de adjunto adverbial de lugar.
Trocando isso em miúdos, o verbo “freqüentar” requer um objeto direto (afinal, freqüentamos algo), não um adjunto adverbial de lugar (afinal, ninguém freqüenta em que). A construção correta, então, é a seguinte: “A faculdade que freqüentava ficava em Guarulhos”, e o pronome relativo “que” exerce na oração a que pertence a função de objeto direto. Na condição de pronome relativo, o “onde” sempre exerce a função de adjunto adverbial de lugar.
Já para sanar dúvida quanto ao uso de onde ou aonde, leia este texto da Exame.
Nota:
* Este exemplo também foi retirado do artigo da Folha.